Você faz aquilo que treina

CrossFit Open: para mim, a melhor época do ano. Não apenas pela competição, mas por tudo que acontece ao redor. Dois fatores tornam essa experiência tão especial. O primeiro, e mais importante, é a nossa COMUNIDADE. É incrível ver como as pessoas se apoiam, torcem e incentivam umas às outras. O segundo ponto, e o tema que quero abordar hoje, é um princípio simples, mas poderoso: você só faz aquilo que treina. Para o bem e para o mal.
Após o anúncio do primeiro workout e a divulgação dos vídeos dos atletas, ficou evidente que muitos apresentaram movimentos duvidosos ou inválidos. Burpees sem salto com os dois pés, dumbbells erguidos sem a extensão completa dos braços, lunges com os pés tocando na fita… Detalhes que fazem toda a diferença. E não estamos falando apenas de atletas de elite—isso serve para todos nós.
A grande questão não é sobre tentar levar vantagem. A verdade é que, na hora da competição, o corpo apenas reproduz o que foi treinado no dia a dia. Padrão de movimento não é um capricho, é um princípio básico para uma boa execução. Por isso somos tão meticulosos com vocês, nossos alunos. Wall balls exigem um agachamento completo antes do arremesso ao alvo. Burpees pedem um salto com fase aérea dos dois pés. Box jumps precisam de uma finalização em pé sobre a caixa. Não é sobre ser rígido—é sobre ser consistente.
E antes que surja a pergunta: “Mas precisa mesmo ser tão rigoroso?” A resposta é simples: sim! Manter um padrão de movimento não é apenas uma questão de justiça na competição. Ele promove maior segurança, melhora os resultados e, o mais importante, fortalece sua disciplina mental. Fazer o certo mesmo quando estamos cansados, mesmo quando ninguém está olhando, mesmo quando seria mais fácil cortar caminho. O atleta que todos os dias treina pulando a barra com os dois pés fará exatamente o mesmo na competição. Sem esforço consciente, sem dúvidas. Apenas fará.
Agora, pense além do CrossFit. Você realmente acha que essa regra se aplica apenas aos treinos? Você só faz aquilo que treina.
Se você prioriza treinar cinco a seis vezes por semana, independentemente das circunstâncias, será muito mais natural encontrar tempo para se exercitar mesmo durante uma viagem. Se a alimentação saudável faz parte da sua rotina diária, manter esse hábito longe de casa se torna muito mais fácil. Por outro lado, se você sempre chega atrasado aos compromissos, qual a probabilidade de ser pontual em um evento realmente importante? Quase nula. Porque a gente faz aquilo que a gente treina. Simples assim.
Então, te convido a refletir: como você se movimenta nos treinos? Com qual intenção? Está buscando fazer certo ou apenas riscando a tarefa do dia? Está dando o seu máximo ou fazendo apenas o suficiente para terminar rápido? Está focado no que é melhor para o seu desenvolvimento ou apenas no resultado na lousa? Organiza-se para chegar no horário ou já se habituou a pedir “só mais cinco minutinhos”?
O problema não são as exceções, e sim quando elas viram regra. Imprevistos acontecem, mas o que você faz repetidamente não é obra do acaso. Agora me diga: o que você está treinando? Seu melhor ou o mínimo necessário?

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