Se você me conhece, sabe quem é a Angela (a cã). Durante mais de dois anos, ela conviveu com dois pequenos cachorros que moram na sacada do apartamento vizinho. Eles sempre latiram pra ela, todos os dias. Provocavam. Cutucavam. E ela? Nada. Indiferença total. Uma lady. Mas, de uns meses pra cá, algo mudou.
Agora, ela chega em casa e vai direto pra sacada. Se posiciona, olha pra cima e fica ali, parada, esperando. Pode estar frio, pode estar calor, pode não ter ninguém — mas ela fica. Esperando. E quando eles aparecem, ela late. Por 20 segundos. E volta a esperar de novo.
O mais curioso: ela tem deixado de brincar com a gente, de correr pela casa, de aproveitar tudo ao redor… só pra isso. E foi nesse comportamento da Angela que caiu uma ficha pesada: tem muita gente vivendo exatamente assim.
Gente que passou anos ignorando provocações, críticas, comparações… mas em algum momento cedeu. Parou de olhar pra própria vida, pras pessoas certas, pro que realmente importa… pra ficar fixado naquilo que não devolve, não constrói, não edifica. E essa sacada, que antes era só um canto da casa, virou um altar. O lugar da espera. Da ansiedade. Do “só mais um latido”.
Quantas vezes você já fez isso? No trabalho, nos relacionamentos, nos treinos?
Quantas vezes você entrou no box mais preocupado com o tempo do outro no quadro do que com a sua própria execução? Ficou vidrado no que o colega faz, levanta ou posta, e esqueceu de se concentrar na sua evolução? Quantas vezes você estava indo bem no processo, no foco, na disciplina… e de repente desviou a atenção pra algo ou alguém que só te provoca, te tira do eixo e te faz perder energia?
Filipenses 3:13-14 diz: “…esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo…” Mas como você vai avançar se está travado na sacada? Olhando pra cima, esperando o latido? Vivendo no loop da reação?
Às vezes, aquilo que parece inofensivo se transforma em um vício emocional. Um padrão de comportamento que vai te consumindo sem que você perceba. Você diz que “é só hoje”, “só dessa vez”, mas quando vê, passou meses girando no mesmo lugar.
A Angela não fala, mas diz muito.
E você? Já parou pra pensar o que está deixando de viver porque está preso em algo que não te leva pra frente? Talvez seja um desafeto, uma crítica antiga, uma comparação injusta, ou até um ego ferido que ainda late dentro de você.
Hebreus 12:1 nos dá uma direção poderosa: “Livremo-nos de tudo o que nos atrapalha… e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta.” Sua corrida. Seu WOD. Sua jornada.
A sacada pode ser silenciosa, mas ela rouba a sua presença. Então, hoje, pare.
Desça de onde você tem se escondido emocionalmente. Feche a porta. Reencontre o prazer em correr com quem está do seu lado, rir com quem torce por você, treinar por você — e não contra alguém.
Como diz Filipenses 3:13-14: “Esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo.”
Você não nasceu pra viver esperando o próximo latido.
Você nasceu pra viver com propósito, intensidade e direção.
Fique com Deus!
Um grande abraço,
Henrique Elias