Aquela frase

Quando comecei a treinar há 12 anos atrás não havia metade do conhecimento que temos hoje para ensinar os movimentos, corrigir, e progredir de um educativo para o outro… No popular, tudo era mato e, se bobear, nem o mato tinha crescido ainda. Me lembro que no box em que eu treinava (Crossfit ZN) havia um banner na entrada, virado pra dentro, com frases motivacionais diversas. Algumas nem lembro, outras ficaram marcadas. A que melhor lembro é: “Deixe seu ego do lado de fora.”

Esqueça a parte da psicologia profunda e vamos focar na parte negativa do Ego, aquela que aparece quando este é frágil, rígido ou dominante; afinal, é sobre esse aspecto que a frase se refere.

Deixar o Ego do lado de fora é entender que, quando você entra no box, você faz parte de um todo, de uma comunidade. O que você faz ali dentro afeta positiva ou negativamente o ambiente. A sua conquista não é só sua, é de todos. Da mesma forma, a sua derrota ou desistência também afeta todos que estão ali, de uma forma ou de outra.

Deixar o Ego do lado de fora é ouvir o coach que pede pra você abaixar a carga para melhorar o movimento, sem achar que ele está te diminuindo. É aceitar fazer dupla com alguém que não pega tanto peso quanto você, não faz os mesmos movimentos ou, ao contrário, alguém que é mais rápido e vai te tirar da zona de conforto. É sair do “seu mundinho” e entender que você faz parte de uma comunidade, servindo de apoio, inspiração e estímulo.

Deixar o Ego do lado de fora é ainda saber ouvir o seu corpo, saber a hora de tirar o pé e diminuir o ritmo para não estragar a sua máquina. É baixar o peso, mudar o movimento, diminuir o pace ou até mesmo dar o completo descanso, sem pensar se o seu nome vai estar em último no ranking, se está na sessão RX ou Scaled.

Deixar o Ego do lado de fora é fazer o que tem que ser feito: a quantidade certa de repetições, o padrão correto de movimento, independente da complexidade. Isso não é por conta de competição, mas por segurança — de fazer o correto, completo e de entender o processo como um todo. É não buscar atalhos para estar em destaque, nem mirar o topo de algo que nem é uma disputa. É não tentar enganar os outros enquanto finge fazer o que é pedido, mas segue apenas o seu anseio pessoal.

“Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.” (Fp 2:3-4)

Deixar o Ego do lado de fora é abrir espaço para o aprendizado, para a humildade e para a verdadeira evolução. Porque, no fim, o Ego sempre cobra um preço: seja no box, nas relações ou na vida. Ele te isola, te afasta da comunidade e, pior, te impede de crescer.

Cabe a você se perguntar: o que tenho feito por Ego? E o que eu preciso mudar?

Fique com Deus!

Um grande abraço,
Henrique Elias

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