Este não era o texto programado para hoje, mas é o que mais eu gostaria que chegasse até você neste momento.
O dia era 21 de março de 2019, havia sido anunciado o último workout do Open que envolvia Thruster e Chest to bar. Havíamos programado um face to face dos treinadores naquela noite de quinta. No momento que ainda assistíamos a transmissão meu celular toca e era meu pai pedindo que fosse buscá-lo na pizzaria e levá-lo pra casa, pois não tinha se sentido bem.
Saí correndo da antiga Betta e fui até o local. Já havia uma ambulância atendendo ele, fiquei sabendo que tinha tido uma síncope. Levei até em casa onde minha mãe disse que eu poderia ficar tranquilo que levaria ele até o hospital.
O dia era 16 de março de 2025, estava acabando a aula e iríamos fazer o face to face dos treinadores. Coincidentemente teríamos Thrusters e Chest to bar.
Vejo na avenida um senhor meio cambaleante, andando como se estivesse bêbado. Fico observando e percebo que não está embriagado, mas passando mal. Logo ele vai abaixando até cair, nesse momento já corri e coloquei-o sentado com ajuda de outro rapaz. Peço para chamarem ajuda no box, chega uma cadeira, água, médica e policial.
Ligamos para os bombeiros pedindo uma viatura para cuidar dele, encaminhá-lo ao hospital. Pode ser que tenha passado dois, cinco ou dez minutos, mas na minha cabeça era uma eternidade. Lembrei do que aconteceu com meu pai anos antes e que, a partir daquilo descobrimos que ele precisava operar e pode ser feito tudo a tempo.
Colocamos o Sr. Elísio no carro e levamos até o São Camilo para que fosse atendido; lá nossa aluna médica continuou acompanhando ele até que a família chegasse e pudesse dar o suporte necessário.
Quando você liga para Bombeiros ou Polícia pedindo auxílio, por motivos lógicos e compreensíveis, sua ligação é classificada em um nível de urgência, não pode ser por ordem de entrada. Entendo que entre uma pessoa atropelada e outra passando mal, eles tem que priorizar o envio da equipe. Jamais criticarei isso.
O que acontece é: quem faz essa priorização? Se a pessoa passando mal é seu familiar e a pessoa atropelada não é conhecida, quem você salvaria primeiro? Entende? Se não há um protocolo, priorizamos o que nos interessa mais, e isso é muito óbvio!
Entenda que todos nós temos a tendência natural de priorizar aquilo que nos é mais valoroso, o que nos importa mais! O que quero que você pense é: eu estou me priorizando? Estou agindo de acordo com a minha lista de prioridades?
Poderíamos ter ficado minutos e talvez horas esperando socorro? Claro! Mas tendo a disponibilidade de veículo, o que era prioridade, um WOD ou uma vida?
Não, eu não sou herói, não me pintaria assim e nem busco qualquer tipo de reconhecimento. Mas na minha escala de prioridades está no topo a minha família e lá, naquele momento, lembrei que meu pai também caminha pelas ruas e decidi que gostaria que tivesse alguém que fizesse isso por ele.
Estabeleça as suas prioridades e viva por elas. Você pode ter combinado algo com alguém, mas não deixe jamais que seus valores fiquem fora de ordem.
É um relato um tanto emotivo, admito. Mas não espere a ausência para perceber o valor da presença.
Fique com Deus!
Um grande abraço,
Henrique Elias